Você sabia que todos nós, em maior ou menor grau, carregamos ligações profundas com nossos antepassados, que influenciam nossos comportamentos? São verdadeiros campos de fidelidade imateriais que nos prendem a certas decisões e nos inclinam a certas iniciativas. Em alguns círculos psicológicos e especialmente na constelação familiar, essas fidelidades imateriais são chamadas de lealdade invisível. É sobre isso que falaremos neste post.
O que é lealdade invisível
A lealdade invisível é um campo imaterial que circunda nossas ações e tem potencial para nos influenciar em diversas áreas de nossas vidas, tais como as dimensões morais, filosóficas, políticas e psicológicas.
Este campo imaterial é, em certo sentido, construído pelas influências que recebemos de nossas famílias de forma inconsciente, conduzindo à uma fidelidade que por muitas vezes contraria os próprios desejos.
É possível observar essa lealdade em famílias que repetem comportamentos geralmente destrutivos, como doenças, transgressões, uso de drogas ou mortes violentas. Tais comportamentos são exercidos de forma inconsciente, ou seja, geralmente não temos consciência de que ações negativas são repetidas com base no comportamento e escolhas de pessoas do nosso passado.
Para que uma aliança seja formada, é necessário que alianças sejam estabelecidas. Para que tal formação ocorra, é preciso que a família tenha capacidade de envolver e comprometer cada membro. Cada família tem suas próprias leis que são manifestas em forma de expectativas compartilhadas e não ditas.
Em resumo, a lealdade é formada a partir da identificação com o grupo e dentro do relacionamento com os membros de um sistema, gerando responsabilidade com determinado compromisso.
Um exemplo disso é quando um pai doente falece e, mesmo sem falar, deposita no filho mais velho a expectativa de que ele cuide da família, assumindo seu papel. Embora sem trocas de palavras, o sistema familiar é afetado pelas expectativas do pai e o filho sente-se arrastado ao cuidado integral da família, muitas vezes abrindo mão de viver a própria vida pessoal.
Os problemas da lealdade invisível
As lealdades invisíveis carregam em si conexões e ligações que acabam por atrapalhar a vida de pessoas que vivem debaixo desse compromisso. A seguir, separamos alguns dos problemas que podem estar presentes nas nossas vidas e que têm por origem a lealdade invisível:
Tendência à criminalidade
Em um estudo publicado em artigo acadêmico pela DOMUS-Centro de Terapia de Casal e Família, foram identificados alguns sinais presentes em certas árvores genealógicas que indicam a lealdade invisível.
É o caso, por exemplo, do Cristóvão, que fora preso por tráfico de drogas. Além dele, também já foram presos pelo mesmo motivo a avó, o avô e seus três tios. Percebe-se, portanto, a presença da repetição transgeracional.
A criminalidade praticada pelos pais tende a ser transmitida aos filhos, gerando a lealdade invisível que influencia o comportamento.
Repetição do sofrimento
Uma outra característica comumente presente nas linhagens de família são as repetições de sofrimento presentes no passado. Ocorre, por exemplo, quando é possível observar em diversas gerações a ocorrência de divórcio e separações.
A repetição do sofrimento também pode estar presente por meio de uma lealdade invisível e influenciar os comportamentos.
Vícios
A lealdade invisível mais comum, no entanto, são os vícios que costumam se estender por gerações. A palavra vício é uma derivação da expressão latina vitrium que, por sua vez, significa “falha” ou “defeito”, em seu sentido literal, no entanto, podemos definir o vício como um hábito repetitivo que causa algum tipo de prejuízo para o sujeito ou as pessoas ao redor.
Alguns dos vícios mais comuns são: drogas e bebidas lícitas, drogas ilícitas, trabalho, jogos de azar, pornografia, sexo, medicamentos, aparelhos tecnológicos, entre outros.
Como identificar a lealdade invisível
A maneira mais direta de identificar a lealdade invisível é através do autoconhecimento. Ao proporcionar o mergulho em si mesmo, é possível enxergar certos padrões de comportamento alheios à nossa vontade ou maximamente naturalizados.
Existem, ainda, soluções terapêuticas ou de desenvolvimento pessoal, como a Constelação Familiar, que se dedicam justamente a diagnosticar as lealdades invisíveis e, de certo modo, levar a uma liberdade de tais influências.
A lealdade invisível para a Constelação Familiar
Por meio das sessões de Constelação Familiar, o constelado, como é chamada a pessoa que se submete à metodologia, é levado a um caminho de aceitação da própria história, que culmina em uma capacitação para viver na liberdade das influências geracionais.
Algumas das afirmações positivas que os constelados são levados a declarar são:
Eu aceito minha história. Eu aceito meus antepassados. Cada um dos meus antepassados são amados e fazem parte do meu sistema.
Pai, eu aceito o que recebi de você. Meu maior presente foi a vida. Você fez o que podia, assim me permito seguir.
Mãe, do seu encontro com meu pai eu recebi o meu lugar. Agradeço pela nossa família. Esta é a família certa para mim.
Eu sou livre na minha história. Não preciso mais repetir o comportamento dos meus antepassados.
Conte com a Constelação Familiar e seja livre da lealdade invisível
A constelação familiar é uma prática terapêutica que busca resolver conflitos familiares que atravessam gerações, auxiliando nos processos de evolução, liberando vínculos, crenças limitantes e comportamentos sistêmicos.
Por meio de técnicas especialmente pensadas para o atendimento individual, como os bonequinhos, que representam as pessoas do sistema que estão envolvidas na questão apresentada pelo cliente, trazendo as emoções à tona e possibilitando tratá-las.
Há, ainda, a metodologia dos olhos fechados ou âncoras espaciais: quando colocamos o cliente de olhos fechados é possível acessar questões muito desafiantes e entender a razão daquele sofrimento, mesmo que esta causa esteja em outras gerações.
Os atendimentos são focados para liberar vínculos e emaranhados sistêmicos que atuam gerando limitações, identificando as origens e as razões de passar por aquilo, bem como mapear aquilo que, no sistema familiar, pode estar contribuindo para as questões.
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